O escritor belga de expressão Flamenga Hugo Claus, esta quarta-feira falecido aos 78 anos, foi o maior nome da literatura flamenga da sua época, conhecido pelo inconformismo e pela tendência para o excesso e a provocação.
Várias vezes apontado para o prémio Nobel da Literatura, Claus tinha-se recentemente manifestado contra o separatismo flamengo, ao assinar, em Setembro último, em plena crise política belga, uma petição para defender a unidade do reino, juntamente com outras 400 personalidades. Atingido pela doença de Alzheimer, pediu para morrer por eutanásia, revelou o seu editor. O seu maior êxito, o romance "O Desgosto da Bélgica" (1983), publicado em Portugal pela Asa, é uma história do negro período colaboracionista dos flamengos durante a Segunda Guerra Mundial e também uma crónica do provincianismo e da mediocridade que ele capta na sociedade de que é produto. Pintor de talento, autor de 25 recolhas de poesia, 40 peças de teatro e cerca de 30 romances, Hugo Claus era um artista completo e perturbador, bem como um dotado cineasta e argumentista. Nascido em Bruges a 05 de Abril de 1929, o mais velho de quatro irmãos, Hugo Claus estudou em Kortrijk, num severo colégio interno católico, até aos 11 anos e apaixonou-se desde muito cedo pelos livros. Depois de viver algum tempo em Paris, onde foi influenciado pelo movimento surrealista e Antonin Artaud - que considerava o seu pai espiritual - escreveu na língua materna em Flamenga. Publicou a sua primeira obra aos 19 anos, "Enregistrer", e escreveu a primeira peça aos 21 anos, tendo adquirido reconhecimento mundial com a tradução em francês, inglês e japonês do seu romance "A Caça aos Patos", escrito em 1950.A sua obra, embora apenas parcialmente traduzida, foi adaptada ao cinema em França, nomeadamente nos anos 50, por Sacha Pitoëff, e em 1985 com "Vendredi, Jour de Liberté", uma espécie de visão flamenga da célebre fórmula "Família, odeio-vos". Em Portugal, há apenas quatro obras suas traduzidas: "Sexta-feira" (Cavalo de Ferro), "Rumores" e "A Caça aos Patos" (Asa), além de "O Desgosto da Bélgica". Dominando uma língua densa e realista, o escritor povoava os seus textos de personagens muitas vezes grotescos, ridículas ou hipócritas.Claus impôs-se também como pintor, participando no lançamento e nas exposições de "Cobra" (1949), grupo de vanguarda expressionista. A sua obra plástica encontra-se reunida no livro "Hugo Claus Imagier", publicado em 1988.
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